terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pior do que a ignorância, é a ignorância atrevida!

Este foi o comentário do Oliveira no blog do Gutermann, no Estadão On-line.


O post tratava do anúncio de Espanha e França em declarar agora o "Estado Palestino".


23/02/2010 - 12:22
Enviado por: Oliveira

Vocês falam como se o governo de Israel fosse MUITO RESPONSÁVEL.

Esse “governo democrático” que controla todo abastecimento de água de regiões e famílias inteiras do lado Palestino, limitando a 30 minutos a recarga de reserva insignificantes de águas paras as poucas famílias que conseguem pegar sua água.

Possui soldados que fazem excessivos “abusos de autoridade” (entenda como humilhação, espancamento, prisão, e outras coisas que eles não assumem de tão vergonhosas que são) nos postos de travessia, assassinato sem justificativa de fazendeiros palestinos (http://www.inewsit.com/viewVideo.php?fileID=182) , leis que segregam árabes judeus dentro do próprio estado de Israel (http://bit.ly/dfKeaR).

Como se não bastasse, ainda chama de fanático um partido palestino, mas ignora por completo o fanático fascista do Avgdor Lieberman, Ministro de Relações Exteriores, autor e defensor da lei contra árabes judeus em Israel, agitador de guerras, uma pessoa na qual muitos judeus repudiam por não ver nele uma solução para os problemas e sim o vêem como “parte do problema”. (http://www.youtube.com/watch?v=YtuKO06RAqo)

É muito fácil falar dos outros não??

Israel tem como objetivo NUNCA aceitar a criação de um estado Palestino, por quê? Porque o governo desse país não quer. É um governo tão racista quanto os ditos por você, que vê na fé ou na “benção de d-uz” o “direito” de matar pra ter posse de uma área de terra e sangue, calcando Nele a comprovação e legitimidade de posse de algo que é de todos, e justamente por tudo isso tem se bloqueado toda e qualquer forma de diálogo sensato sobre o problema.

O holocausto só mudou de lado.
Aceitar isso, por parte de quem pratica, é difícil.


Agora esta foi a minha resposta:




Pois é! Na tua santa e (como dizia meu professor na faculdade)abusada ignorância, não sabe nem definir para si o que foi o Holocausto. Foi a morte de milhôes de pessoas (judeus, cristãos, comunistas, ciganos, e tantos outros grupos minoritários) que não apresentavam nenhum, repito, NENHUM risco para a Alemanha de então. Para o enriquecimento de sua cultura, que parece bem pobre, diga-se, judeus e outros grupos perseguidos pelos nazistas, foram condecorados por atos de heroísmo na Primeira Guerra Mundial. Já em Israel, nenhum árabe é perseguido por ser árabe ou mulçumano. As universidades israelenses estão lotadas de beduínos, árabes cristãos e mulçumanos, (e saiba-se que muitos deles se detestam entre si!). Dificilmente uma pessoa entra num comércio, numa fábrica ou empresa de qualquer tipo e não encontre alí inúmeros árabes trabalhando juntamente com israelenses judeus de igual pra igual. Os hospitais e Kupat Holim (postos de saúde) estão cheios de médicos árabes e drusos que atendem normalmente a comunidade judaica, e vice-versa. Quando um maquinista árabe-mulçumano resolve perpretar um atentado, atacando a todos no seu caminho, ele não estava trancado num campo de concentração e nem num gueto, mas estava trabalhando e gozando de todos os direitos e confiança da sociedade israelense lhe dá. O Bituach Leumi (Caixa de Previdência e Seguridade de Israel) vive abarrotada de árabes que vão lá pedir os seus direitos de "cidadão" assim como nós israelenses. Eu SEI porque eu MORO, VIVO, TRABALHO E ESTUDO em Israel. Quando fiquei internado na departamento de Reumatologia do Hospital Rambam, em Haifa, meus outros dois companheiros de quarto eram árabes israelenses, sendo um comerciante e o outro atendente do Ministério de Finanças de Israel.
AGORA, QUANDO UM ÁRABE RESOLVE POR EM RISCO A VIDA DE UM CIDADÃO ISRAELENSE (SEJA ELE DE QUALQUER ORIGEM - CRISTÃ, JUDAICA, MULÇUMANA, DRUSA, BEDUÍNA) ELE SERÁ IMPEDIDO, E SE FOR NECESSÁRIO MORTO, PARA QUE NÃO TENHA SUCESSO EM SEU INTENTO DE MATAR INOCENTES.
O EXÉRCITO DE ISRAEL TEM COMO NOME PRÓPRIO, EXÉRCITO DE DEFESA! MAS SE PARA DEFENDER, TENHA QUE MATAR, MATARÁ. ESSE É UM DIREITO UNIVERSAL RECONHECIDO POR TODOS OS PAÍSES CIVILIZADOS DO MUNDO.
Porém tu não sabes isso e muito mais.
Antes de falar besteira, de fazer comparações esdrúxulas e de comprovar, autenticar tua ignorância (que não é um defeito em si, somente quando se torna atrevida!)peça um visto de turista e venha passear em Israel. Venha conhecer a VERDADE com teus próprios olhos, e não se submeta a vergonhosa e ridícula posição de papagaio que nada mais faz do que repetir inconsciente a fala dos outros (neste caso o velho, batido, falso e sujo discurso de uma esquerda burra, ignorante e tendenciosa)que nada mais sabe fazer do que falar mal de Israel, dos judeus e israelenses, somente porque somos amigos do lada mais forte(EUA). Sorte nossa e azar deles. Sorte nossa (que somos menos de sete milhões) e azar deles (que juntos são mais de 250 milhões em todo o Oriente Médio.
Já chegou a hora e faz muito tempo que vagamos pelo mundo sem pátria. Depois de tudo voltamos e NINGUÉM, repito, NINGUÉM nos vai impedir de vivermos, de sermos soberanos em nossa ERETZ ISRAEL. Todos os que aceitem nosso direito de aqui viver, será bem vindo e respeitado, como outros milhares que assim entendem e vivem conosco. Agora, aqueles que desejam o contrário, terá o castigo e o fim que merece. Segundo as leis internacionais, segundo o costume das Nações livres e de Direito Constituído.
Se tu é um brasileiro que nem mesmo sabe por ordem na tua casa (violência, pobre, corrupção, desordem social, etc, etc, etc.)porque se acha no direito de dizer o que é certo ou errado aqui. Se tu nem conhece o "holocausto" que dizima milhares de vítimas inocentes na violência descontrolada das favelas paulistas e cariocas (já esteve alguma vez no cemitério do Jd. São Luiz, em S.P.? Já parou uma vez pra ver a idade daquelas vítimas que o "TEU PAÍS MARAVILHOSO" faz todos os dias e ninguém fala nada... é logico... não valem nada mesmo... são pretos, pardos e pobres... se fossem palestinas ou árabes certamente haveria um petista ou um esquerdista chinfrim que sairia gritando pelas ruas a injustiça... mas esses meninos e meninas das favelas e curtiços não merecem... pena que não são árabes...).
Faz-me o favor!

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

E Tem Gente Que Acredita no Acaso!

Hoje mais do que nunca vivemos em uma época que cada um pensa no que quer como quer e ninguém tem nada a ver com isso.
D´s, Bendito Seja, foi esquecido e a ciência, a auto-satisfação, a filosofia, etc, foram entronizados no seu lugar.
Somos criação do acaso, do azar, da mera seleção natural, da vontade caprichosa e manhosa da natureza. Assim afirmam os "evoluídos, cultos e inteligentes homens de hoje"!
Porém no Tanach, muitas vezes foi dito, que ao olhar para cima e não poder explicar o porquê ou o como, não houve outra maneira e saída além de "louvar ao Borê HaOlamim", já que Alguém tem que ter feito isto tudo, tão perfeito, cheio de ordem, de leis! Ou as leis que regem o universo surgiram do acaso. O caos pode gerar ordem? Não sei. Sei que o Universo é algo impressionante, que nos faz sentir tão pequenos, nada, insignificantes...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A grandeza do Mar (Oceano)

Quem gosta de alguém orgulhoso? Ninguém, né!?
Quando digo orgulhoso, quero dizer no sentido de arrogante. Ter orgulho de algo não é necessáriamente ruim, mas sim quando começamos a ter orgulho de nós mesmo... e passamos a crêr que somos melhores do que os outros... e por aí vai... até que começamos a destratar o nosso próximo, uma vez que acreditamos que  "ele" não está na "minha altura".
A tradição judaica é repleta de histórias, contos e lendas com respeito ao orgulho excessivo e como alguns destratavam outros por se acharem melhores.
Uma delas é a que vou contar agora.

*Paróchet do Aron HaKodesh da sinagoga onde eu rezo, Beit Haknésset Mispê, comemorando os sete dias da Criação.


Quando O "HaKadosh Baruchú" estava construindo (Criando) o mundo, chegou o dia de fazer os rios e os mares, semparando as águas dos continentes.
Então O "HaKadosh Baruchú" perguntou pros rios e pro mar, quem deles gostaria de estar mais acima, e quem gostaria de estar em um nível mais baixo.
Os rios orgulhosos de seu comprimentos, de suas correntezas e de seus jardins que floresciam por onde passavam, apressaram-se em oferecer-se para estar num nível mais alto.
A atitude arrogante e de pouco tato dos rios com os mares, não agradou ao "HaKadosh Baruchú", que pensou como castigá-los e dar-lhes uma lição, porém antes perguntou aos mares o que eles pensavam.
Os mares não se importaram com o ocorrido e ainda complementaram: "Seria muito bom ter os ríos num nível acima. Não nos importa de estarmos no nível mais baixo, Senhor dos Mundos."
Então o "Borêh HaOlam" teve uma idéia, e aceitou a proposta como estava.
Naquele dia gloriosos, com estrondos jamais ouvidos e terremotos jamais visto pelo olho humano, as águas e os mares foram separados.
E o que aconteceu? Como o "Borêh HaOlam" recompensou a humildade dos mares e castigou a arrogância e o auto-orgulho dos rios?
Quando todos estavam nos seus lugares, algo inesperado aconteceu. Os rios, em todo o seu esplendor, corriam, saltavam, espumavam, com graça e orgulho, gorgorejos e murmurejos... mas para onde corriam?
No outro extremo, estavam os mares e oceanos... vazios, desolados, mas aos poucos eles foram crescendo... crescendo... e crescendo... e porque? Simples, porque os rios despejavam toda a sua glória em nimguém menos do que nos mares e oceanos.
Assim, com o tempo os mares e oceanos se encheram, até se tornarem aquilo que nós conhecemos hoje, umas das maiores maravilhas da natureza, e somente porque foi humilde o bastante para dar o primeiro e mais alto lugar para outro, e aceitar estar onde, aparentemente é um nível mais baixo.
É por isso que está escrito: "nas tuas mãos, "Adon HaOlamim" está a JUSTIÇA".

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Questão Filosófica.

"A religião ou a busca por ela, deve ser feita com o objetivo do encontro da VERDADE como CONHECIMENTO ou FORÇA e meio de viver e aprender a viver dentro de um contexto existencial?"

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Lição Que Aprendi com a Água Viva.

Bem, como parte do meu progeto de vida, está também, entre tantas coisas, passar a ter uma vida mais "movimentada", e quando digo isso, o digo literalmente, porque devido a minha maneira de ser, seria capaz de passar todo o dia sentado, lendo, escrevendo, pesquisando, estudando...
O problema é que D´s, Bendito Seja, não nos fez árvores (que são imóveis), mas homos mobiles, ou seja, que se movimentam. Me recordo que meus avós sempre repetiam que o homem "necessita" trabalhar, entendendo-se por trabalho alguma ocupação que o mantivesse em constante movimento e esforço durante o dia. Eles (Doña Perpétua e Seu Nérico - meus avós de bendita memória) diziam que um homem que não trabalha (se moviementa) está condenado a morrer (cedo, logo, breve).
Seguindo o conselho deles, já que não sou campesino e não tenho que pegar na enchada todo dia, procuro fazer uma caminhada, pra esquentar os músculos, forçar a circulação, melhorar a oxigenação do cérebro e dos extremos, fazer funcionar o intestino, os rins, o fígado e o sistema endócrino em geral.
A vantagem que eu tenho é que por "VIVER" em ERETZ ISRAEL, não simplesmente faço caminhada, mas faço A Caminhada. Só para terem uma idéia, eu moro numa região que no passado pertenceu a Tribo de Asher. Assim, se vou caminhar junto ao mar, estou em Asher. Porém as vezes eu quero ir em direção ao campo, e por isso vou em direção a Kfar Bialik, no sentido do oriente, mas aí já estou em terras que pertenciam a Zvulun.

 Agora voltando ao que interessa.
Hoje, pela manhã, fui fazer a minha caminhada. A manhã estava agradável, nem quente nem fria, estava melhor dizendo "morna". Um presente depois dos dias de frio e chuva que tivemos. Não ventava muito, e no meio da semana as ruas e a praia estão bem vazias.
Por onde eu caminho, há parques, terrenos ainda vazios para uso do KKL (Fundo e Bureau de Posse e administração da Terra em Israel), condomínios antigos, tudo servido de largas avenidas, amplas calçadas bem sinalizadas para pedestres e especialmente feitas para Atividade Física, como caminhadas e ciclísmo. Alguns lugares lembram alguns bairros de Santos e Praia Grande, uma mistura de classe média decadente, com prédios novos e velhos, casas simples e algumas bem ricas, e o ar cheirando a maresia.
Bem, fazia minha caminhada, já pela orla, na areia, quando me dei com uma cena interessante. Na praia, jogada para lá e para cá pelas marolas, uma água viva, mas não uma água viva qualquer, uma "baita" de uma água viva que devia ter no mínimo uns cinco a oito quilos. O diâmetro da cúpula tinha pelo menos uns 45 cm e de altura quase uns 30 cm. Era enorme! Sei... sei... sei que existe bem maiores, e até as chamadas gigantes, que pesam mais de cem quilos, mas eu jamais tinha visto uma como a que eu ví hoje.
Parei e fiquei contemplado a agonia daquele belo (perigoso, mas belo!) ser vivo, que viajou por sei lá quantos milhares de quilômetros de oceanos e mares, mas que agora estava alí, sendo jogada de um lado para o outro sem poder fazer nada.
E eu nem podia ajudar. Se tentasse tocá-la seria queimado pelo veneno que ela possui. E tudo isso porque? Porque a água-viva é um ser que não tem movimento próprio. Ela apenas frutua nas águas salgadas dos mares sem poder escolher para onde vai, ao sabor das marés. U
Um ser tão belo, tão perigoso, mas que não podia salvar-se a si mesmo. Condenada a morte pelas simples e fracas marolas que rebatiam na areia, hoje, durante a maré alta.
Eu não sou muito chegado em psicologia existencialista, na verdade detesto. Mas hoje não pude deixar de comparar nossas vidas com aquela água-viva.
O sofrimento, a dor, a perda, enfim, muita coisa ruím em nossa vida acontece porque somos como águas-vivas, que não têm domínio sobre nossos caminhos. Somos jogados de lá para cá pela maré da vida. As vezes isso parece bom, agradável e compensador. Viajamos por mares e oceanos, vemos maravilhas, desfrutamos, até que um dia uma traiçoera correnteza nos empurra em direção à praia. Mesmo aí muitos de nós nos divertimos. Finalmente nossos longos tentáculos tocam o fundo do mar... algo que não havíamos esperimentados antes! Que barato! Mas de repente, pufft... estamos encalhados. As ondas que um dia nos deram o prazer de subir e descer suavemente no alto mar, agora nos golpeiam violentamente. Estamos cobertos de areia, areia que machuca e incomoda... que trás uma sensação de desconforto...
Aos poucos começamos a nos despedaçar... nosso corpo frágil não suporta a violência das ondas.
Em pouco tempo percebemos que estamos condenados a morte. Por causa de nossos "espinhos" venenosos, ninguêm virá nos ajudar. Acabou. Agora é só esperar a morte chegar.
Pode parecer piegas, simplória ou boba essa comparação, mas é exatamente isso o que ocorre com muitos de nós, e simplesmente pelo fato de deixarmos a "Vida" nos levar, assim como o mar "leva" as águas vivas.

Parashat Shavua - Trumáh. "O Ato de Doar".

Muita gente acha que o ato de doar não passa de uma falta de inteligência por parte de quem doa e de esperteza ou aproveitamento de quem recebe.
Quando estava no Brasil, ví muita gente dizendo que não fazia doações porque acreditava que "TODOS" os supostos necessitados não passavam de vagabundos. E afinal de contas, o próprio governo pedia que não ajudassem os mendingos e pedintes, já que essa ajuda poderia ser usada para alimentar o crime, o vício e outros atos ilícitos.
Não é segredo que sou judeu somente por parte de mãe. A família de meu pai  é cristã ( uns mais, outros menos) e minha avó, católica. Apesar das discordâncias "num nível filosófico-religioso", aprendi a ver com olhos livres de preconceito, muita coisa boa sendo feito por eles, e se há uma coisa que eles (os católicos) fazem bem é a caridade.
Me recordo que uma vez, por causa de meu trabalho (vendas) conheci um padre, da Paróquia da Senhora do Carmo, na Zona Sul de São Paulo. Era espanhol, e só me lembro que tinha o sobrenome Sardinha. Bem, conversamos sobre várias coisas, principalmente sobre nossas diferenças, mas acabamos falando sobre nossas similaridades, como a caridade. Caridade incondicional e completamente desinteressada!
É interessante que os evangélicos costumam usar a caridade como uma "armadilha" para capturar almas. Que feio! Já nós judeus, como perdemos o hábito do proselitismo a mais de dois mil anos, aprendemos com o tempo a fazer caridade de maneira a não esperar objetivos dela, ou seja, ajudamos porque as pessoas precisam, e não porque queremos algo delas. Ou talvez queramos sim, que elas se sintam bem e tenham um pouco de tranquilidade em suas lutas e tribulações, porém não mais do que isso. Os católicos fazem um trabalho parecido, e principalmente os franciscanos. Debaixo de votos de pobreza, abandonam o mundo e tudo o que ele pode oferecer, para dedicarem-se aos mais necessitados. Como sei disso. O Padre Sardinha me convidou a conhecer um núcleo (um pequeno convento de franciscanos pobres e caritativos) na região do Peri-Peri, próximo de Pinheiros. O que eles fazem? Recolhem pessoas nas ruas. Pessoas desabrigadas, enfermas do corpo e da alma, abandonados, regeitados, famintos. Levam eles para o convento (que nada mais é do que uma casa enorme) e lhes dão banho, roupas limpas, alimentação e algo que me impressionou bastante, CARINHO, muito afeto!
Uma história me chamou a atenção. Um senhor que era doente mental, e por isso ele foi "jogado" na rua pela família. Isso mesmo. Apesar de sua doença, esse senhor sabia onde era sua casa, e conhecia a sua família, mas eles não o queriam mais. Porém esse senhor não foi doente toda a vida. Antes da velhice e de adoecer, era uma pessoa normativa, trabalhava e bastante atuante na sua comunidade. Casou, teve filhos,  os criou e lhes deu educação. Agora o mais interessante. Qual era a sua profissão? Pastor evangélico. Isso mesmo. Apesar de serem cristão professantes, não exitaram em "jogar"o próprio pai "doente e idoso" na rua! Esse senhor somente não morreu de frio e de fome como indigente nas ruas da Zona Sul de São Paulo, graças aos frades franciscanos que o encontraram quase morto durante uma ronda noturna numa das noites mais frias daquele ano (2001/2002?).
Agora quem mantém o trabalho dos franciscanos? Ninguém! Nem mesmo a comida do dia é programada. Tudo depende da doação espontânea dos paroquianos, homens de negócios da região e pessoas que se sensibilizam com o trabalho deles.
Eles, os frades, me convidaram para comer com eles. Naqueles dias eu não era tão rigoroso com a kashrut, e apesar de não comer alimentos proibidos, não era tão correto com outras normas de preparo, e etc. Por isso aceitei como um gesto de boa vontade e de admiração pelo trabalho. Só que havia uma questão. Primeiro eles alimentavam os necessitados. Os frades e visitantes somente comeriam se "sobrasse"! Se não, não! Por fim, insisti que a minha parte fosse dada a um frade que iria ficar sem comer para que eu pudesse ser "honrado"! Lhe convenci de que eu não necessitava e que ao chegar em minha casa, graças ao Eterno, tinha muita comida (acho que mais do que precisava) me esperando.
O que eu quero dizer com tudo isso? que os católicos são bonzinhos? Nada disso, apesar de que estes que conheci realmente o eram. Quero somente mostrar que existe sim uma outra realidade neste mundo duro e cruel. Neste mundo selvagem que somente sabe louvar a beleza, a riqueza, a força e o orgulho.
Para concluir, uma história hassídica.
Contam que no passado, numa pequena vila do leste europeu, durante um terrível inverno, o Rabino da cidade fazia o papel de colector de doações para poder comprar lenha para os mais pobres, pois naquelas épocas, se alguém dormisse sem um fogo pra se acalentar, morria de frio. O Rabino chega numa casa de um rico comerciante, bate na porta e o empregado vem atender-lhe. Quando vê que se trata do rabino, ele imediatamente o convida pra entrar, porém o rabino não aceita e pede pra falar com o patrão. O empregado vai chamar seu senhor, e este ao se interar de que o Rabino lhe aguardava do lado de fora, enterrado na neve e no vento frio da noite, apressa-se a colocar seu sobretudo e ir ao encontro do velho mestre.
"Rabino, que bom vê-lo por aqui! Venha, entre um pouco e me diga o que deseja!..."
"Bem, você sabe que eu, na qualidade de Rabino da cidade sou o responsável pela coleta de doações para a compra de lenha para os mais pobres e necessitados. E por isso..."
O rico senhor lhe interrompre:
" Sim Rabino!... eu sei... (batendo os dentes de frio), por acaso não sou um dos seus fiéis doadores... porém vamos entrar pra falar sobre isso... não há sentido em falarmos disso aqui fora, nesse frio de matar...!
O Rabino então completa:
" Ahhhhh!.... é esse mesmo o meu objetivo. Meu caro senhor. Sou muito grato a ti e ao Eterno pelas generosas doações que o senhor tem realizado. Mas faltava algo..."
"Falta algo!!!"  o rico começando a se irritar... "Então me diga o quanto mais tenho que doar que eu doarei... mas vamos sair deste frio..."
"Não é de dinheiro que eu estava falando, meu senhor... mas era exatamente deste frio que o incomoda. Eu queria ter certeza de que o senhor soubesse de como essas pessoas que necessitam de seu dinheiro se sentem todas as noites.!!!"


BeKitsur (em resumo) a moral é a seguinte: Não é suficiente doar um valor como caridade, mas sim e também SENTIR o que o outro sente e assim compreender sua dor e seu sofrimento.

Que o Eterno e Único D´s nos abençõe a todos! e lembrem-se:

"Ninguém é tão pobre que não tenha o que doar (um sorriso talvez) e ninguém é tão rico que não necessite de algo (um sorriso talvez!)".

A história hassídica é uma versão e tradução (minha) livre baseada na "Parashat Shavua" do rabino Naftali Reich, do Torah.org ( em ingrêis).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Minha Nova Sinagoga (Beit HaKnésset Mispê)

Vivo no Norte de Israel, na região Metropolitana de Haifa, chamada Krayot. Especificamente em Kiryat Motzkin.
Durante o último ano andei procurando uma Beit Knésset onde pudera rezar e me integrar, onde me sentira bem, nos mais variados aspectos... mas tava difícil.
Apesar de sefaradí, desde que cheguei em Israel, tenho me identificado com a filosofia do Rav Kook, e do criado por ele, Sionismo Religioso. Esse ramo da ortodoxia judaica abrange todos os sectores do judaísmo, mas o grupo que mais aparece nesse ramo filosófico são os askenazim.
Assim, sou um sefaradí que gosta de rezar junto com os askenazim, e até não podia ser de outra forma, já que meu maior contato no Brasil sempre foi com askenazim de uma maneira geral, fossem Conservadores ou Ortodoxos...
O problema é que na minha "shchunáh" não havia sinagogas "Dati Leumi", e fiquei meio perdido durante um tempo. Até que num Yom Shishi, durante as compras para Shabath, enquanto estava na fila do caixa, ví que o senhor que estava imediatamente atrás de mim tinha todas as características de um askenazí e datí leumi, (kipáh srugah, muito branco, olhos profundamente azuis e um ar sereno e austero). Então, venci a timidez (detesto falar com extranhos!) e lhe perguntei se vivia nos derredores. Ele disse que sim. Então perguntei se ele conhecia alguma Beit Knésset Dati Leumi, e ele mais uma vez confirmou que sim. Pra minha surpresa, a três minutos de minha casa. E como eu não tive conhecimento durante todo o ano que passou?
Acho que primeiro por causa da minha personalidade fechada. Há quem diga que sou simpático e agradável, mas no fundo sou muito parecido com meu Avô Nérico, calado, de cara amarrada, que sai de casa quieto e volta calado. Depois, porque aqui em Israel há uma característica de hurbanização que nós não conhecemos aí no Brasil. Aqui é muito comum as quadras de pedestres. São enormes bolsões de casas, escolas, sinagogas, jardins infantís, praças, playgrounds (parquinhos), condomínios, etc, que não possuem entrada para automóveis. Somente passagens para pedestres. Alguns desses bolsões são verdadeiros bosques, com enormes pinheiros e eucaliptos, com estreitas passagens calçadas, para os moradores, mas sem nenhuma sinalização. Se por algum acaso você não tem que passar por alí, talvez viva uma vida inteira sem saber o que se pode achar por lá.
Bem, este era o caso. Aqui ao lado da minha casa, do outro lado da rua, tem um bolsão de condomínios e no centro deles uma escola. Uma escola primária. Como eu ia imaginar que lá no meio havia uma Sinagoga do geitinho que eu queria.
Bem, com a informação do Haim ( o senhor a quem me dirigi no mercado) acabei descobrindo, e agora já tenho o meu Beit Knésset, que provavelmente vai ser o meu Centro Espiritual (não confundir com terrero de macumba nem com casa de passe ou mesa branca) pelas próximas décadas, e de meus filhos também.
Meu primeiro dia junto com meus novos amigos foi em Shabath Itróh. Agradável coincidência!
Fui muito bem recebido e já recebi todas as honras normais a um judeus que vai rezar junto com seus correligionários. Alí fazemos todas as três rezas do dia, Kabalath Shabath, estudamos Guemará (duas vezes por semana) e Mishná todas as noites depois de Arvit. O ritual é muito parecido com o que eu assistia na Kipah em Beer Sheva e com o  do Machon Meir, com excessão de algumas pequenas variações, quase imperceptiveis.
Estou feliz! Agora a próxima etapa, voltar a fazer os shiduchin e passar a ser um homem completo, como manda a Torah. Também, já estou cansado de ser homem-metade. Essa coisa de viver faltando uma costela não é nada legal. E não vejo a hora de ver os bacurí correndo em torno da bimá!

Maravilhas da Literatura! Uma citação de Elie Wiesel.

O que me encanta e me faz passar horas e horas da minha vida lendo, são as  pequenas frases, descrições e pensamentos que saltam do intelecto do autor, emaranhado numa história ou conto, verídico ou fantasioso, mas pleno, transbordante de verdade, verdade sutil, verdade filosófica, que de tão escondida no texto, pode ( e passa) muitas vezes passar desapercebida pela maioria dos leitores, ainda mais daqueles ocasionais ou forçados por alguma obrigação curricular, etc...
Estava num "Sebo", como sempre tentando garimpar alguma jóia entre tanta lama e entulho e acabei por ter sorte. "La Locura de D-os", de Elie Wiesel, uma pequena brochura, na verdade uma Peça escrita em dois atos.
O nome do autor chama muito mais a atenção do que o volume em si, despretencioso,  porém reservava uma bela surpresa, literatura de excelente nível.
Porém, das 147 páginas de texto, o que me saltou aos olhos, ao coração e ao meu sentido de leitor, foi uma citação específica, que vou trancrever aqui, porque encerra em si uma definição que talvez seculos de filosofia não puderam expressar.


" O Careca (Oficial de Polícia da Ex-União Soviética) balança a cabeça: nunca compreenderá a esses judeus. Sempre descontentes consigo mesmo."  "La Locura de D-os" de Elie Wiesel, Acervo Cultural/Editores, Buenos Aires; Traducción de Pablo Palant.(1970).

Elie Wiesel aqui, consciente ou não descreve de maneira brilhante o caráter coletivo do judeu de todos os tempos. Ao meu ver o ato de "descontentamento", "inconformidade" é o motor, é o vetor que faz do judeu um revolucionário de todas as épocas! O descontente Avraham quebrou os ídolos e declarou-se o primeiro monoteísta. O descontente Yaacov queria para sí o mérito da progenitura, ainda que era o segundo filho. O descontente Yosef não acreditava suficiente o amor e o carinho desvelado por seu velho pai, mais planteava a admiração e a aceitação (acho que esta mais do que aquela) de seus outros onze irmãos. Moshe, príncipe na Casa do Faraó, possível herdeiro do Trono do Egito, não estava contente com o luxo, com o status e com as facilidades que tinha. Deixou tudo e fugiu para o deserto, buscando a resposta de como encontrar uma vida plena de Justiça, de Retidão e de Valores, coisas que ele não conseguia ver nos seus pares dominantes no Egito. A lista é enorme e interminável... podendo acrescentar todos os profetas (e alguns bastante inconformados, como Eliahu Anavi, Elisha, Yonah, Yeremiahu... ) e mais próximos de nós outros nem tanto santos, mas não menos inconformados, como Max, Hertzl, Hirsch, Abravanel, Rav Kok, Eisntein, Freud, Ben Gurion, Sabin, Rabi Menachen Mendel Schneerson, Simon Wiesenthal, Asher Ginzberg (AHAD HA`AM), Antonio José da Silva, o judeu, Maimônides e ... tantos... tantos... outros... que inconformados com o mundo tal como ele era, descidiram mudá-lo, melhorá-lo.
Não estou aqui a fazer juízo de valores, quem foi bom, quem não foi, quem estava correto e quem não estava... mas sim relembrando que esta tem sido a "artéria" que tem dado vida a milhares de personalidades que apesar de virem de um povo tão pequeno, perseguido e despresado, têm dado suas vidas por aquilo que acreditam. 

Rosh Hodesh Adar. Primeiro Dia do Mês de Adar. Ano de 5770!




Começa um novo mês. Adar. Este é um mês importante para nós, judeus, porque representa a Bondade Salvadora do Nosso D´s, Bendito Seja. Nesse mês comemoramos o Purim, data alegre e divertida, onde celebramos a milagrosa Salvação que D´s nos concedeu de nossos inimigos no reino da Pérsia, onde o Malvado (maldito seja o seu nome para sempre) Haman  tentou através de intrigas e artimanhas cometer o primeiro holocausto contra o  Povo de Israel. Graças ao Eterno e a atitude de fé e de coragem de Ester e de seu tio Mordehay, seus planos foram frustrados.

Imagem ao lado:
A tribo relacionada com o mês de  Adar  é a tribo de Naftaly.

                                                                                                     

"Nunca te esqueças de onde vieste e para onde irás".
Como a história é o guia sobre o qual aprendemos a caminhar em direção ao futuro, nada melhor do que Purim para nos ensinar que, memo hoje, nós judeus em nossa Eretz Israel, ou espalhados pelo mundo (Ainda!), devemos estar atentos para a maldade de nossos inimigos e aqueles que detestam o Povo de D´s. Que devemos sempre, levantarmos rápido e prontos para reagir contra seus intentos, e, simbolizado pelo Jejum realizado por todo o povo de Israel daquele tempo, acreditar e confiar na proteção Divina e na sua condução última e final de Seu Povo.
Um grande abraço a todos e meus desejos de Rosh Hodesh Adar Tov, de bençãos, Paz, Alegria  e Salvação, para nós e para todo Am Israel, hoje e sempre, Amén, Amén, veAmén!

 Imagem acima : O sígno do Zodíaco relacionado com o mês de
Adar é o sígno de Peixes.

Veja também:
Mês de Adar na Wikipédia.

Mês de Adar no Chabad.org.br

Mistérios que nos surpreendem...!

Clichê por clichê, vamos a ele... : "Existem mais coisas entre o céu e a terra do que nossa estreita inteligência pode imaginar... ".

No vídeo abaixo, uma notícia simples, que muitos considerariam sem a menor importância, mas que (pelo menos para mim!) pode ter um significado místico e importante...
Diz a notícia que uma gata, aparentemente sem motivos, resolveu viver numa das cabanas do antigo Campo de Concentração de Auschwitz. E daí? o que teria isso de anormal?
Aparentemente, e digo, aparentemente nada, se não fosse pelo fato de na Polônia estar fazendo um dos invernos mais intensos das ultimas décadas! E pelo fato de que ninguém vive lá.
Porque um gato escolheria ir viver num local desabrigado, onde não há calor (os gatos são extremamente friorentos e adoram um lugar aconchegante e quentinho!) não há comida, não há nada que pareça atraente...

Gata 'adota' Auschwitz
Gata 'adota' Auschwitz


Bem... como eu já deixei bem claro em outras postagens, eu tenho uma verdadeira reverência pela memória dos meus avós. Eles foram a minha referência, juntamente com minha mãe, para tudo o que sou hoje como ser humano. Minha avó e meu avô, apesar de não serem literalmente "religiosos", eram profundamente Maaminin (crentes - entenda-se como pessoas de fé, e não comumente em português do Brasil, como sendo evangélicos - D´s nos livre!). Como pessoas do campo e com limitada educação formal, eles tinham toda aquela forma peculiar de se expressarem e de explicarem o mundo. Apesar de não terem estudado (meu avô muito pouco e minha avó absolutamente nada), eram de uma inteligência e perspicácia fora do comum. Eram profundamente observadores, críticos e analíticos de seu entorno e possuiam um Caminho Filosófico claro e determinado, adquirido pela tradição oral transmitida por seus ancestrais.
Assim, apesar de não terem estudado psicologia animal, meus avós conheciam muito bem o comportamento destes e tinham bem claro que "às vezes um animal se comporta de maneira nada habitual!". O que era bastante intrigante, já que eles não possuem o mesmo nível de inteligência e raciocínio de nós seres humanos.
Como então eles explicavam esses "desvios de comportamento"?
Ouvi inúmeras e incontáveis vezes de meus avós que os animais por não terem o discernimento entre o bem e o mal e sim agirem por instinto e serem assim possuidores de uma inocência nata, eram capazes de vêr (sentir, talvez) as almas e as coisas espirituais de uma maneira que nós, "seres superiores" não podemos.
Diz uma parte da tradição judaica que tudo o que possui vida, de uma forma ainda que distinta, possui alma, espírito. Alguns ramos mais místicos acreditam mesmo que uma alma que um dia habitou um corpo humano, possa voltar numa outra encarnação (Guilgul - que em hebraico tem o sentido mais de cíclos!) como um animal!
Não quero aqui discutir se isto é correto ou não, se é válido ou não ou se eu ou você crê nisso ou não. O importante, pelo menos para mim, é que sejamos o suficientemente humildes para aceitar que existem coisas que não podemos explicar e que parecem nos mostrar que existe alguma outra realidade que não está aparente aos nossos cinco sentidos...
Voltando a gatinha de Auschwitz, o interessante é notar que naquele lugar sucumbiram milhões de vidas e almas... e que segundo alguns, por isso, estaria repleto de uma energia ( ou de uma força karmica) estupenda! Porque essa gatinha sente a necessidade de viver alì? O que ela sente nesse lugar? Veria ela almas que habitam ainda esse triste sítio que foi palco de tantas e tantas dores e sofrimentos? Seria a gatinha o retorno de uma alma que pereceu ou que perdeu alguém querido naquele Campo? Ou a alma de um soldado alemão, que atormentada pelo remorso de seus atos (ou ao menos de sua cumplicidade ) sente a necessidade de redimir-se voltando ao local onde falhou como ser humano, e tenta "corrigir-se" (fazer o seu Tikun) sofrendo o frio e a fome no mesmo lugar que infligiu sofrimento e dor a outros?
Eu sei, eu sei que tudo isso não passa de divagação, suposições e talvez uma pitada de "loucura" de minha parte. Somente creio que dessas pequenas coisas com as quais tropeçamos em nossas existências (às vezes, tão sem sentido) podemos aprender que nem tudo é o que parece e no mundo há um pouco mais do que Big-brothers, índices financeiros, contas para pagar, objetos caros e de marca para comprar... etc... etc...
Um Rosh Hodesh Adar Tov a todos...
Com as bençãos do Altíssimo sobre nós, e todo o Povo de Israel, amén, amén veamen!