segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um Árabe que Ama o Hebraico! Surpreendente!

Vou colar aqui uma entrevista que um Poeta e Erudito Druso Israelense Nayim Araidy deu ao Professor Moacir Amâncio, professor de Literatura e Língua Hebraica da USP.


Sobre o infinito e a
língua hebraica
O poeta e professor de literatura Naim Araidy é o mais conhecido escritor árabe de língua hebraica. Nascido dois anos depois da criação do Estado judeu, ele mergulhou, na infância, nas águas profundas do idioma bíblico, embora em sua casa só se falasse árabe. Moacir Amâncio entrevistou-o, em sua aldeia natal


O professor e poeta Naim Araidy vive uma situação nova para um árabe druso, cidadão isralense, nascido na aldeia de Maghar em 1950, portanto dois anos após a independência do país. Sua língua materna foi evidentemente o árabe, mas esse idioma não seria o primeiro modo de expressão intelectual e artística usado por ele, e sim o hebraico. Hoje, é um professor conhecido em Israel, onde tem um programa de televisão, escreve em jornais, publica livros e ensina Literatura Hebraica na Universidade de Haifa. Sua tese de doutoramento, na Universidade Bar Ilan, provocou polêmica: o tema foi o poeta Uri Tzvi Grinberg, que era repudiado pelos trabalhistas pois o julgavam de extrema direita, e a direita tendia a valorizar nele pontos ideológicos com os quais concordava. E sua poesia, de alta qualidade, ficava de lado. Araidy tem como preocupação central a literatura e a busca de sua qualidade acima de todas as outras coisas. Conheci-o em Israel, no começo de 2007. Araidy vive uma situação parecida com a de Franz Kafka, que era judeu tcheco e escreveu em alemão. Não só com a de Franz Kafka, mas com a de muitos outros autores judeus que, na Europa e outros continentes, optaram pela escrita em outro idioma, inclusive o hebraico, e não o local, ou materno. A diferença óbvia está no fato de que Araidy não é judeu, pertence à religião drusa, mas preferiu usar o hebraico em sua literatura. Há outros árabes que escrevem em hebraico, mas, segundo ele, só dois autores o escolheram como idioma de expressão artística integral. Ele e o tradutor, poeta e romancista Anton Schammas, radicado nos Estados Unidos e, ao que parece, distanciado do hebraico, que o consagrou como escritor em Israel, país com o qual tem sérias divergências políticas.

A existência literária de Araidy e Schammas (há outros autores árabes que usam o hebraico, como Sayed Kashua e Salman Masal'ha) não deve ser vista como uma aberração. Pelo contrário. Do mesmo modo que se dizia que Israel só seria um país normal quando tivesse seus próprios ladrões e prostitutas, pode-se dizer que o idioma hebraico só recuperaria a normalidade quando passasse a ser língua de expressão plena, utilitária e artística, também para cidadãos de outras etnias que fazem parte da população israelense. A propósito de uma possível utopia pós-moderna com ecos cabalísticos do tikun, veja-se o poema intitulado "Sobre a pergunta por que eu escrevo em hebraico", aqui traduzido, com mais duas peças de sua autoria. Observe-se que, caso o leitor nada saiba da biografia de Araidy, não terá idéia de que se trata de um não-judeu. O que ocorre é um raro encontro de humanidades: o outro é o mesmo - haverá sentido político mais elevado que isso?

Araidy também escreve em árabe, mas, como conta, isso veio depois do hebraico. Nesta entrevista, montada a partir de declarações fornecidas por Araidy por correio eletrônico, entre uma visita a Pequim e participação no festival de poesia de Edinburgo, ele fala sobre sua relação de amor incondicional com o hebraico e com poesia.

Revista 18 Conte-nos um pouco sobre o que motiva sua poesia...

Naim Araidy Para mim é muito difícil a pergunta "por que escrevo poesia", no geral. Talvez seja uma questão de ego muito grande. Eu me coloco no centro, e as coisas que escrevo ficam como uma herança coletiva. Desejo que isso se transforme num modo de expressão para todas as pessoas, a partir da esperança, talvez do anseio de que as pessoas se encontrem nela, na minha escrita. Eu sinto, de repente, que não estou sozinho; como que livre do isolamento, ou exorcizado - como numa unicidade com o outro quando eu sou o centro, o mensageiro. E, portanto, isso de novo me devolve ao ego.


O professor e poeta Naim Araidy vive uma situação nova para um árabe druso, cidadão isralense, nascido na aldeia de Maghar em 1950, portanto dois anos após a independência do país. Sua língua materna foi evidentemente o árabe, mas esse idioma não seria o primeiro modo de expressão intelectual e artística usado por ele, e sim o hebraico. Hoje, é um professor conhecido em Israel, onde tem um programa de televisão, escreve em jornais, publica livros e ensina Literatura Hebraica na Universidade de Haifa. Sua tese de doutoramento, na Universidade Bar Ilan, provocou polêmica: o tema foi o poeta Uri Tzvi Grinberg, que era repudiado pelos trabalhistas pois o julgavam de extrema direita, e a direita tendia a valorizar nele pontos ideológicos com os quais concordava. E sua poesia, de alta qualidade, ficava de lado. Araidy tem como preocupação central a literatura e a busca de sua qualidade acima de todas as outras coisas. Conheci-o em Israel, no começo de 2007. Araidy vive uma situação parecida com a de Franz Kafka, que era judeu tcheco e escreveu em alemão. Não só com a de Franz Kafka, mas com a de muitos outros autores judeus que, na Europa e outros continentes, optaram pela escrita em outro idioma, inclusive o hebraico, e não o local, ou materno. A diferença óbvia está no fato de que Araidy não é judeu, pertence à religião drusa, mas preferiu usar o hebraico em sua literatura. Há outros árabes que escrevem em hebraico, mas, segundo ele, só dois autores o escolheram como idioma de expressão artística integral. Ele e o tradutor, poeta e romancista Anton Schammas, radicado nos Estados Unidos e, ao que parece, distanciado do hebraico, que o consagrou como escritor em Israel, país com o qual tem sérias divergências políticas.

A existência literária de Araidy e Schammas (há outros autores árabes que usam o hebraico, como Sayed Kashua e Salman Masal'ha) não deve ser vista como uma aberração. Pelo contrário. Do mesmo modo que se dizia que Israel só seria um país normal quando tivesse seus próprios ladrões e prostitutas, pode-se dizer que o idioma hebraico só recuperaria a normalidade quando passasse a ser língua de expressão plena, utilitária e artística, também para cidadãos de outras etnias que fazem parte da população israelense. A propósito de uma possível utopia pós-moderna com ecos cabalísticos do tikun, veja-se o poema intitulado "Sobre a pergunta por que eu escrevo em hebraico", aqui traduzido, com mais duas peças de sua autoria. Observe-se que, caso o leitor nada saiba da biografia de Araidy, não terá idéia de que se trata de um não-judeu. O que ocorre é um raro encontro de humanidades: o outro é o mesmo - haverá sentido político mais elevado que isso?

Araidy também escreve em árabe, mas, como conta, isso veio depois do hebraico. Nesta entrevista, montada a partir de declarações fornecidas por Araidy por correio eletrônico, entre uma visita a Pequim e participação no festival de poesia de Edinburgo, ele fala sobre sua relação de amor incondicional com o hebraico e com poesia.

Revista 18 Conte-nos um pouco sobre o que motiva sua poesia...

Naim Araidy Para mim é muito difícil a pergunta "por que escrevo poesia", no geral. Talvez seja uma questão de ego muito grande. Eu me coloco no centro, e as coisas que escrevo ficam como uma herança coletiva. Desejo que isso se transforme num modo de expressão para todas as pessoas, a partir da esperança, talvez do anseio de que as pessoas se encontrem nela, na minha escrita. Eu sinto, de repente, que não estou sozinho; como que livre do isolamento, ou exorcizado - como numa unicidade com o outro quando eu sou o centro, o mensageiro. E, portanto, isso de novo me devolve ao ego.

18 Quais são os temas principais de sua poesia?

NA Sobre o que eu escrevo? Escrevo sobre mim mesmo, sobre você, sobre todos nós, eu escrevo sobre coisas que não tenho outro modo de expressar; que estão fundo em mim. Sobre as coisas que mais me atemorizam; sobre os assuntos considerados irregulares, porque a norma os repele. Como um grito, pois tenho medo da morte e das doenças, da solidão e do sofrimento, da ausência do amor. Escrevo sobre assuntos que causam vergonha, porque estão fora do que é aceito, os valores e os comportamentos - como sobre minha vontade e minha capacidade de amar todo dia outra mulher; também nesta época em que passei da idade permitida, que me leva a fermentar tantas possibilidades. E eu escrevo sobre a beleza dolorosa que é ser um homem, no sentido amplo da palavra. Sobre o que é mais humano, sobre minhas fraquezas que são o medo, a solidão, o ciúme, o sofrimento e sobre a falta de piedade no mundo.

18 O que, em sua opinião, é uma característica própria da poesia?

NA A poesia é o modo de expressão para o humano que há em nós, e ela faz da dor humana algo belo, estético, para que possamos vivê-la de novo, numa forma renovada, aceita e bonita. A poesia é arte como a música, como o desenho e como a escultura. Mas uma arte mais tocante,dona de uma força sem igual. Ela não lida com as cores puras, com o som puro ou com a modelagem de material. O meio de expressão dela são as palavras, esta língua não é um meio técnico, por mais que seja belo e especial. A língua é um presente para o que está contido em toda a história humana, tanto a material quanto a espiritual, e ela inclui o mito, a religião e a filosofia, e, em função de sua própria essência, a poesia utiliza-se da língua e do que existe nela e do que é possível introduzir nela. Ela toca a língua, acaricia e cria com ela relações mais íntimas, e também sabe às vezes explorá-la, e ela precisa disso.

18 Parece que uma só língua não foi suficiente para o senhor...

NA A mim foi dado um privilégio que muitos não receberam. Escrever em dois idiomas, hebraico e árabe, sim, nessa ordem. Comecei com o hebraico e só depois com o árabe. No início, por causa de pressão; depois, por causa de amor e dedicação.

18 Não causa espanto o fato de alguém que tem uma língua tão difundida quanto o árabe optar por outra, tão reduzida em número de falantes?

NA O que fazer se eu sou árabe, druso e nasci no Estado de Israel, e tenho um pai que queria que seus filhos "fossem cultos como os judeus"? Ele me mandou para escolas judaicas. E eu assenti como quem é chamado à Torá. Como seria possível o contrário, com a vontade inamovível do pai árabe, druso, típico oriental, conforme a sociedade patriarcalista?

18 E como foi a sua iniciação na língua hebraica?

NA Nos primeiros dias de meus estudos na escola judaica, a senhora Steiner, a professora de Literatura Hebraica, me disse: "Escute menino! Com um hebraico assim você não pode agüentar a escola!" E a senhora Steiner não sabia em que estado de pânico me deixou. Acaso era possível voltar àquele pai e dizer a ele que eu não podia estudar lá? Aquele mesmo pai que enviara seu filho a fim de se instruir e voltar como médico para a aldeia? Quem sabe, talvez se satisfizesse também com um advogado, mas abaixo disso não havia o que dizer. Não podia voltar. Eu precisava enfrentar o medo tanto na expectativa da senhora Steiner quanto na de meu pai. A propósito, estranho que metade da nossa vida nós nos esforçamos para responder às expectativas dos pais, e a segunda metade nos esforçamos para responder às expectativas de nossos filhos. De um lado, é claro que não temos tempo para nós mesmos, e de outro lado, não nos livramos do temor diante da possibilidade de não sairmos nem daqui nem dali. Estranho quanto nós não pensamos sobre isso - e este ainda é assunto para poesia. E no final das contas, não estudei Medicina e de advocacia eu não gostava de jeito nenhum. No entanto, me transformei em professor de Literatura Hebraica e em criador na língua hebraica, com recepção bastante honrosa, mas não sem provo­cações tanto de um lado como do outro.

18 Poderia dar um exemplo de provocação?

NA Um dia, quando estudava na Universidade Bar Ilan, fiquei surpreso ao ouvir, justamente de um dos professores mais respeitados, que não acreditava que um criador pudesse escrever em língua que não a língua-mãe. A coisa me doeu, e então perguntei de modo desafiador o que dizer sobre os poetas judeus que escreveram em árabe na época pré-islâmica e na Idade Média, e que são considerados poetas bilíngües? E o que dizer sobre Ionesco, o romeno que é considerado um grande escritor francês? E o que dizer de Taher ben Jelloun, e o que dizer do escritor gigantesco que era judeu de origem tcheca que escreveu em alemão, que é Franz Kafka? O que dizer dos maiores da nova poesia hebraica cuja língua-mãe não era o hebraico?! E a lista não é curta. A mim foi dado o privilégio de escrever na língua sagrada, a língua do primeiro monoteísmo, que fundou o novo humanismo há cerca de cinco mil anos. Uma vez, visitou-me em casa um escritor quirguiz conhecido, que escreve em russo, Chingiz Aitmatov, e ele me perguntou como eu me sentia como um poeta árabe que escreve em hebraico. Respondi a ele de forma muito sofisticada: eu disse, "quando escrevo um poema de amor em hebraico, me sinto como o rei Salomão, e quando escrevo um poema de lamento, me sinto como o Rei David". E o sr. Aitmatov fez que sim com a cabeça, como se invejasse tudo o que eu podia escrever na língua sagrada.

18 Como o senhor vê o hebraico atual?

NA O novo hebraico é a continuação direta do hebraico bíblico. O idioma possui uma carga mitológica, social e espiritual e também estética que não é igual à de nenhuma outra língua. Essa língua sagrada, em outra de suas dimensões, confere àqueles que escrevem nela uma tradição completa de humanidade, protesto e perguntas, por mais duras que sejam, que são o dicionário de todo poeta verdadeiro. A humanidade que modelou nosso caráter humano começou com o profeta "pesado de boca" que tartamudeava (NR: Moisés, que era gago); veio com o rei que se apaixona e envia o marido de sua amada para ser morto a fim de ficar com a viúva. A mentira bem-intencionada do maior dos patriarcas. A história da Akedá, do sacrifício de Isaac, a esterilidade, as mulheres ciumentas e o que não? É realmente um privilégio escrever em hebraico.

18 E a escrita em árabe?

NA Falarei de modo resumido sobre a escrita em árabe. Apesar da riqueza dessa língua e da sua beleza e maleabilidade, há nela um grande problema, que é o conservadorismo que se apoiou na tese central do profeta do Islã, Mohammed. O profeta partiu contra a escrita de poesia porque a poesia se defronta com a alma humana e os problemas humanos, pois é ofício da religião ocupar-se deles. Ele argumentou que para cada poeta há um satã que lhe domina a escrita e isso é na essência uma heresia. Desde então houve um desvio na poesia árabe e esta dirigiu sua criatividade para a técnica verbal. Uma longa tradição e o conservadorismo como esse que se enraizou na consciência do público árabe tendem a repudiar qualquer mudança que tenha força para devolver a poesia à criatividade e ao enfrentamento com nossa humanidade. Contudo, ergueu-se um movimento muito importante, moderno e pós-moderno, que não renuncia à criatividade, apesar da oposição a isso. Eu me alinho com esse movimento.

Moacir Amâncio, professor de Língua e Literatura Hebraica da USP, é autor de Contar a Romã e Óbvio (poemas)

Escrever em hebraico e escrever hebraico

Escrever em hebraico significa utilizar o idioma em função dos meios de comunicação, somente. Quer dizer, aproveitar-se da língua técnica para determinadas necessidades. Seja para necessidades cotidianas, no supermercado, no escritório, no jornal, ou mesmo para a necessidade de expressar idéias e posições na imprensa, nos periódicos e também livros, como fazemos em Israel também os cidadãos árabes. Estes últimos cresceram no uso da língua hebraica quando parte deles tentou traduzir a história de suas vidas para a prosa, ou até traduzir suas emoções para poesias em hebraico, como toda tradução para outro idioma.

Mas escrever hebraico é outra coisa; poucos fazem isso entre os judeus, e há só dois casos entre os não-judeus. Um é Anton Schammas, que sumiu da arena e interrompeu sua escrita hebraica, por motivos políticos, porém sobretudo por motivos religiosos cristãos, ao lidar com uma temática cristã: extirpar o judaísmo da língua hebraica. O segundo sou eu.

Parece-me que a escrita hebraica não tem comparação com outras línguas tendo em vista sua origem tríplice, de povo, religião e idioma, conjuntamente. A língua carrega a etnia, a religião e a pátria, ainda quando esta última esteja ausente. Em determinadas épocas, ela continuou presente na língua. E com a inovação do estabelecimento do Estado de Israel e o fato de o idioma hebraico ter se tornado uma língua falada, não se extirparam dela aquelas três bases. A laicização da língua hebraica conferiu a ela uma dimensão midiática, mas não extirpou o judaísmo dela, sua judaicidade e sua identidade israelense.

A língua hebraica se engrandeceu, já nos primórdios de seu nascimento, quando criou o mundo e seu conteúdo, e o ordenou de acordo com critérios e princípios éticos dela. Ela criou mitos e os transformou em realidade. Chegou ao auge de sua força no Monte Sinai, lá se misturou à coluna de fogo que guarda sua brasa, como a sarça ardente que não é consumida, e quem olhar é ferido de morte, pois não O verá homem e viverá. Isso não existe em nenhuma outra língua.

E nessa língua está escrito o lamento mais belo da história da humanidade; está escrita a poesia de amor mais bonita da cultura humana, e Salomão esplendeu ao falar em seus provérbios até chegar ao auge dos auges, no Kohelet ben David (Eclesiastes).

Nada há de novo sob o sol, não poderá escrever hebraico quem não experimentou a dimensão do Monte Sinai, e quem não se identifica com a língua na sua condição triádica. Escrevem hebraico somente aqueles que se sentem interior e exteriormente dentro da profundeza dessa cultura, só quem é capaz de amá-la e de se sentir membro da casa dentro dela. Deve-se lembrar e distinguir, mil vezes, que é preciso fazer uma clara distinção entre quem escreve hebraico e quem escreve em hebraico.

Naim Araidy

Poemas

Tornei-me um homem mais equilibrado
Tornei-me um homem mais equilibrado
no passar dos quarenta em minha vida
eu digo
tornei-me um homem equilibrado.


Estranho
mais não poderei dizer:
talvez juntemos todas as pedras jogadas
nos montes de Jerusalém
para construir uma cidade outra
e não nos montes de Jerusalém.

Eu sou José
Eu sou José o sonhador
e a mulher de Potifar é só lenda
enfureci meus irmãos como é preciso
só em sonho
e não no dia-a-dia como se conta
amei a mulher de Potifar até o céu.
E sobrei
dentro do sonho.

Sobre a pergunta por que eu escrevo em hebraico
Para criar o mundo novamente
e as coisas sejam outras, veramente
outras, e ver que isso é bom.
E dar o mundo ao homem na bandeja
de ouro ou prata e fazer o mais que seja
preciso para trazer o bom e o melhor
a fim de que não comam os pais do verde, mas
do maduro. E anular, quanto possível for,
quem diz ser impossível dar a Deus
o que é de Deus e dar toda a mulher ao César.

E para escrever poemas sobre poesia não escrita
e elegias não sobre a morte, mas sobre o desperdício
da nova criação e não criar
o macho antes, primeira sempre a mulher.

Tradução de Moacir Amâncio

2 comentários:

  1. Olá Arieh, bom dia
    Primeiramente muito bom seu blog!!
    Estou para fazer uma tatuagem em Hebraico que significa amor incondicional. Na verdade são tres letras (símbolos), porém não sei se é assim mesmo. Será que você consegue me mandar a maneira correta? Me mande por e-mail: silvanasilvestri@hotmail.com
    Desde já agradeço!

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  2. Conheci este blog por acaso, percorrendo páginas na internet em pesquisa rápida relacionada com um livro de poemas em e-book que acaba de ser publicado em português, através de tradução minha.
    O título da presente postagem apareceu numa das buscas e me chamou imediatamente a atenção. Tive que abrir. Vim, li e gostei.
    Parabéns pelo blog.

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