segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ainda Não é o Fim!

Estava trabalhando hoje de manhã, numa correria da cachorra, quando meu colega de trabalho, o Abed me chama e me diz que acabam de informar no noticiário da manhã, no radio, que o encontro da frota de navios vindos da Turkia rumo a Gaza e a Marinha de Israel acabou no resultado de mais de 10 mortos (assim falavam de manhã) e alguns soldados feridos, uns leves o outros gravemente.
Esse foi o assunto do dia. Não se falava de outra coisa a não ser dos resultados que deveriamos esperar. O clima era de véspera da Terceira Guerra Mundial.
Mesmo assim, continuamos com nossas tarefas, cada um com suas preocupações, cartão de crédito, carro na oficina, companheiro de trabalho doente (e por isso trabalho dobrado), as insinuações da amiga que trabalha no escritório ao lado, etc, etc, etc. Tudo isso num dia mais do que rotineiro.Se não fosse pelas notícias no rádio, não mudaria em nada a rotina de judeus (religiosos e laicos), russos, ucranianos, árabes cristãos maronitas e mulçumanos, drusos, uma quantia de técnicos europeus (ingleses, alemães, espanhois, franceses, belgas) e alguns imigrantes africanos. Apesar de inevitável diferença de opinião, o clima de respeito, de ordem, de convivência pacífica, imperou durante todos os momentos desse tenso dia.
De vez em quando era possível ouvir o ruído dos jatos e dos helicopteros da força áerea israelense, que se dirigiam a fronteira norte, com o Líbano, para fazer um pouco de pressão e impedir qualquer suposta tentativa de "vingança" por parte do Hassa (alface) Nazrala.
Depois do expediente, fui pra uma clínica de terapias alternativas, onde recebi umas espetadas de uma bonita e simpática  terapeuta, com um hebraico mais do que arrrrrrrrrrrrastado. Durante os quarenta minutos de agradável tortura, esqueci minhas dores, e também do começo da Terceira Guerra Mundial. No mundo afora, nas diversas capitais de diversos países, multidões bravejavam o fim do "assassino sionista", e eu, um dos mais convictos sionistas me ouvidava do Hisballáh, dos palestinos, dos anti-sionistas, dos turcos, de Gaza e até das minhas dores.
O único problema é que no final eu não sabia se tanto relaxamento foi resultado das agulhas que me espetavam ou das mãos macias e delicadas da terapeuta simpática de hebraico arrrrrrrrrrrastado.

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