sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nota de Falecimento. Diego Alejandro Haim Bermann

Exatamente agora, são 1:25 h da madrugada do dia 04 de junho de 2010. A menos de duas horas atrás, meu amigo Federico, que na foto acima está acenando, me chamou ao telefone. Eu já estava deitado, mas estava com dificuldade de dormir. De repente o celular toca e vejo que é ele. Pensei que talvez fora engano, e não atendi. Tinha que levantar cedo pra ir trabalhar amanhã. Vou ao banheiro e volto a deitar-me. Passam alguns minutos e o telefone volta a tocar, e novamente o Federico. Alguma coisa passa. Atendo.
O Feder costuma ser brincalhão. Pergunta como estou e pede pra eu respirar fundo e preparar-me para ouvir algo difícil. Pergunto já angustiado o que acontece e ele me informa que nosso amigo mais chegado, Diego, o grandalhão de camisa branca da foto, que me abraça, tinha acabado de falecer no Hospital de Eilat, depois de ter sofrido uma acidente de trabalho, no qual uma rocha que se desprendera de uma mina o atingira na cabeça.
Diego trabalhava como tratorista em uma mina de potásio no extremo sul de Israel. Tinha abandonado Beer Sheva para ir-se a Eilat trabalhar nas minas, com a intenção de juntar dinheiro para voltar para a Argentina.
Diego jamais se adaptara completamente a Israel.
Falava muito bem o hebraico. Tinha vários cursos e sempre conseguia trabalhos com bons salários. Já tinha comprado seu apartamento e era casado com Adriana, uma argentina de olhos muitos azuis, descendentes de alemães, que fizera a conversão ao judaísmo por amor ao nosso querido "Gorda", como carinhosamente lhe chamavamos.
Era jovem, mas já estava casado a muitos anos. Porém não tinha filhos.
Eu conheci o Diego no meu primeiro trabalho aqui em Israel. Fizemos a entrevista juntos, no mesmo dia. Os dois fomos chamados para o mesmo trabalho na mesma seção. Foi amizade a primeira vista. Assim formamos um trio. Eu, o Feder e Diego.
Saíamos juntos, passávamos as datas festivas juntos, viajávamos juntos, rezavamos juntos. Nem sempre, lógico, mas sempre nos encontravamos.
Um cara brincalhão e irreverente. As vezes, por causa disto, passava dos limites e nós ficavamos um pouco de lado com ele, mas no fim o carisma dele vencia qualquer aborrecimento.
O meu pequeno fogão que tenho na cozinha, foi presente dele.
Sempre me recebeu muito bem na casa dele, para ceias de sábado, pizzas e outras comidas festivas.
Agora de madrugada estarei pegando o primeiro trem que sai para o sul, para chegar a tempo do sepultamento, que vai ser feito em Beer Sheva. Parece que antes de vir a falecer ele havia pedido que se ocorresse de morrer, que queria ser enterrado em Beer Sheva e em Israel.
Verdadeiramente estou em choque. A ultima pessoa ligada a mim que faleceu foi minha avó, a treze anos atras. Desde então não havia perdido alguém próximo e jamais esperava que seria alguém entre meus amigos.




 Diego Haim e Rabino Israel Worltzmann, no passeio que fizemos ao Muro das Lamentações (Kótel), em Jerusalém. Sivuv Shearim 2006.



"Santo e Bendito, Único e Supremo Juiz do povo santo. Consola nossas almas entristecidas pela perda de um de nossos queridos, nosso Amigo Haim. Consola sua esposa, Adriana, que por amor ao esposo, se aproximou de Ti e adentrou na Aliança com Teu Povo. Santo e Poderoso, Bendito seja o Teu Nome, Juiz Justo e Verdadeiro que julga e na Tua abundante misericórdia concede perdão ao Teu povo, aos filhos de Israel."

Um comentário:

  1. Junior, sentimos muito pelo falecimento do seu amigo. Que Deus possa confortá-los neste momento de dor. Estamos encantadas com seu Blog.Você escreve muito bem. Estamos com saudades. beijos da Tia Nena, Vó Ju e Luciene

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