domingo, 14 de fevereiro de 2010

Minha Nova Sinagoga (Beit HaKnésset Mispê)

Vivo no Norte de Israel, na região Metropolitana de Haifa, chamada Krayot. Especificamente em Kiryat Motzkin.
Durante o último ano andei procurando uma Beit Knésset onde pudera rezar e me integrar, onde me sentira bem, nos mais variados aspectos... mas tava difícil.
Apesar de sefaradí, desde que cheguei em Israel, tenho me identificado com a filosofia do Rav Kook, e do criado por ele, Sionismo Religioso. Esse ramo da ortodoxia judaica abrange todos os sectores do judaísmo, mas o grupo que mais aparece nesse ramo filosófico são os askenazim.
Assim, sou um sefaradí que gosta de rezar junto com os askenazim, e até não podia ser de outra forma, já que meu maior contato no Brasil sempre foi com askenazim de uma maneira geral, fossem Conservadores ou Ortodoxos...
O problema é que na minha "shchunáh" não havia sinagogas "Dati Leumi", e fiquei meio perdido durante um tempo. Até que num Yom Shishi, durante as compras para Shabath, enquanto estava na fila do caixa, ví que o senhor que estava imediatamente atrás de mim tinha todas as características de um askenazí e datí leumi, (kipáh srugah, muito branco, olhos profundamente azuis e um ar sereno e austero). Então, venci a timidez (detesto falar com extranhos!) e lhe perguntei se vivia nos derredores. Ele disse que sim. Então perguntei se ele conhecia alguma Beit Knésset Dati Leumi, e ele mais uma vez confirmou que sim. Pra minha surpresa, a três minutos de minha casa. E como eu não tive conhecimento durante todo o ano que passou?
Acho que primeiro por causa da minha personalidade fechada. Há quem diga que sou simpático e agradável, mas no fundo sou muito parecido com meu Avô Nérico, calado, de cara amarrada, que sai de casa quieto e volta calado. Depois, porque aqui em Israel há uma característica de hurbanização que nós não conhecemos aí no Brasil. Aqui é muito comum as quadras de pedestres. São enormes bolsões de casas, escolas, sinagogas, jardins infantís, praças, playgrounds (parquinhos), condomínios, etc, que não possuem entrada para automóveis. Somente passagens para pedestres. Alguns desses bolsões são verdadeiros bosques, com enormes pinheiros e eucaliptos, com estreitas passagens calçadas, para os moradores, mas sem nenhuma sinalização. Se por algum acaso você não tem que passar por alí, talvez viva uma vida inteira sem saber o que se pode achar por lá.
Bem, este era o caso. Aqui ao lado da minha casa, do outro lado da rua, tem um bolsão de condomínios e no centro deles uma escola. Uma escola primária. Como eu ia imaginar que lá no meio havia uma Sinagoga do geitinho que eu queria.
Bem, com a informação do Haim ( o senhor a quem me dirigi no mercado) acabei descobrindo, e agora já tenho o meu Beit Knésset, que provavelmente vai ser o meu Centro Espiritual (não confundir com terrero de macumba nem com casa de passe ou mesa branca) pelas próximas décadas, e de meus filhos também.
Meu primeiro dia junto com meus novos amigos foi em Shabath Itróh. Agradável coincidência!
Fui muito bem recebido e já recebi todas as honras normais a um judeus que vai rezar junto com seus correligionários. Alí fazemos todas as três rezas do dia, Kabalath Shabath, estudamos Guemará (duas vezes por semana) e Mishná todas as noites depois de Arvit. O ritual é muito parecido com o que eu assistia na Kipah em Beer Sheva e com o  do Machon Meir, com excessão de algumas pequenas variações, quase imperceptiveis.
Estou feliz! Agora a próxima etapa, voltar a fazer os shiduchin e passar a ser um homem completo, como manda a Torah. Também, já estou cansado de ser homem-metade. Essa coisa de viver faltando uma costela não é nada legal. E não vejo a hora de ver os bacurí correndo em torno da bimá!

Um comentário:

  1. Muito bom ler seu blog. Já morei em Israel em 98, estou escrevendo um livro sobre minhas esperiências na vida e sobre o que passei nos tempos que morei ai. Pesquisando encontrei seu blog. Um grande abraço e muito boa sorte.

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